Resenha Menina Má de William March
Resenha Menina Má de William March
Eu já tinha a intenção de ler Menina Má e
estava planejando baixar no Le Livros já que é uma edição bem cara, e
ultimamente estou tendo que adiar meu sonho de ter uma estante de livros por
uma série de motivos: não tenho espaço para tê-la, não tenho dinheiro e nem se
quer tenho uma estante.... Até que por um acaso achei uma promoção na submarino
e paguei apenas R$13,5 nessa edição.
Enfim, ao
livro:
A obra foi publicada 1954 sendo o último
livro do americano William March, pois esse morreu meses depois da publicação
não podendo assim desfrutar do seu grande sucesso. Se tornando repentinamente
um best seller, Menina Má ganhou uma adaptação aos cinemas em 1956 que foi
muito criticada por ter um final diferente, porém isso não impediu o êxito em
bilheteria. Tal romance revolucionou os livros e filmes de terror da época e
até nos dias de hoje vemos a influência da obra; um exemplo é o livro
Precisamos Falar Sobre o Kevin de Lionel Shriver.
" Será a maldade uma espécie de semente que carregamos dentro de nós, capaz de brotar na mais adorável das crianças?"
Rhoda Penmark é uma menina de apenas oito anos
de idade aparentemente normal, linda, cabelos louros, queridinha por todos, menos
pelas crianças de sua idade. Inteligente, extremamente organizada, conquista
todos com suas covinhas rasas e seu jeito tradicional de se vestir. Sua
maturidade é facilmente reconhecida inclusive por sua mãe Christine, uma mulher,
também de ótima aparência, que até então se considera sortuda por ter uma filha
tão organizada e diferente das demais crianças.
No entanto há traços na personalidade de sua
filha que Christine prefere ignorar: manipuladora, egocêntrica, dissimulada e
fria, demonstra sentimentos apenas quando convém. A menina sempre consegue o
que deseja principalmente quando se trata da melhor amiga de Christine: Monica
Breedlove, a vizinha que mora com o irmão e faz de tudo para agradar Rhoda. No
entanto, há uma pessoa que é imune aos seus encantos: o repudiado zelador do
condomínio Leroy, que atormenta a menina em todo o tempo até esta chegar a seu
limite.
No
dia 7 de junho dia do piquenique da escola primária de Fern um acontecimento
provoca um turbilhão de pensamentos em Christine: será que sua pequena filha
pode estar envolvida com a morte de uma criança, enquanto todos dizem ser um acidente?
Os pensamentos tomam conta de sua cabeça e a fazem ver Rhoda com outros olhos.
Christine revê acontecimentos passados e aquela não era a primeira vez em que
Rhoda estava ligada a certas barbaridades. Ela começa a examinar a
personalidade insensível de sua filha, antes achava ser apenas ingenuidade, mas
agora a compara com a de psicopatas.
Ao longo da escrita descobrimos que há muito
tempo Rhoda vem demonstrando essa peculiaridade que é a carência de
sentimentos, porém seus pais optam por fugir dos fatos, e é por isso que o sr.
Penmark prefere trabalhar longe de sua família, deixando na maioria das vezes a
responsabilidade de criação à Christine.
O livro é totalmente inovador para a época,
nunca se havia atribuído à uma criança um papel tão perverso como esse. A ideia
de uma criança má conciliou perfeitamente com o terror e por isso podemos dizer
que o livro é uma das MAIORES BASES para os filmes de terror da atualidade,
como os clássicos: Colheita Maldita, O Exorcista, A Órfã, e inúmeros outros. Se
você, como eu se perguntava o porquê de os filmes de terror insistirem em
trazer as crianças como antagonistas, ou simplesmente provedoras do mal, uma
das respostas é o sucesso e a influência de A Tara Maldita (filme do livro)
Desde o começo da leitura a maldade de Rhoda
nos é passada (o nome da obra já indica tudo) por isso ela não nos transmite
grande suspense, com exceção da parte final. Assim sendo, não se trata de um
livro de grande agonia, não provoca um frio na espinha ou algo do tipo, no
entanto é uma estória mirabolante e as personagens principais -descritas por William
March com excelência- transmitem algo que nos faz refletir sobre a desumanidade
e, principalmente, sobre a procedência de nosso caráter. Rhoda com sua
crueldade e astúcia destrói com o perfil de criança que nós temos, por isso
depois do final da leitura você terá dificuldade em ver uma criança da mesma
forma em que via.
Título: Menina Má
Autor: William March
Ano: 1954
Gênero: Thriller/Suspense
Páginas: 272
Editora: Darkside Books
Uma história REAL de uma menina de seis anos diagnosticada com psicopatia, que queria matar os pais me fez lembrar perfeitamente de Rhoda, confira o vídeo abaixo: